A visão militar de um Engenheiro Mecânico-Aeronáutico

O Major-Brigadeiro Engenheiro Alexandre Arthur Massena Javoski (T90), presidente da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo, a CISCEA, Organização militar da Força Aérea Brasileira (FAB), é um exemplo da excelência da formação em Engenharia Mecânica-Aeronáutica oferecida pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Nasceu em Guaratinguetá, SP, em 6 de outubro de 1967, e desde a infância tem visões inspiradoras de aeronaves icônicas. Sua formação no ITA e seu percurso pela FAB revelam um compromisso com a excelência no campo da Engenharia.

Hoje, aos 57 anos, Javoski fala de suas motivações e dos desafios atuais da Engenharia no contexto militar.

MB Javoski foi aluno da Turma de 1990 do ITA


ENTREVISTA

 

ITAEx – O que o motivou a seguir a carreira na Engenharia e como isso se relaciona com sua experiência militar?
Major-Brigadeiro Engenheiro Javoski – Desde a infância, sempre fui fascinado pela aviação. Cresci nas proximidades do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro, onde assistia aos voos de aeronaves históricas como o C115 e o C130, e frequentemente visitava o Museu Aeroespacial (MUSAL). Quando jovem, aspirei a ser piloto e estudei na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), entre 1982 e 1984. No entanto, não consegui ser aprovado nos exames médicos para a Academia da Força Aérea (AFA), devido à hipermetropia. Assim, decidi seguir a Engenharia Mecânica-Aeronáutica para permanecer próximo às aeronaves.
Minha experiência militar acrescentou uma dimensão prática a essa paixão. O ambiente militar exige disciplina, foco em resultados e uma abordagem sistemática para a resolução de problemas, características essenciais para um engenheiro. Trabalhar com sistemas de defesa aérea e garantir sua eficácia em situações críticas complementou a formação que recebi, permitindo-me aplicar conhecimento técnico em contextos desafiadores.

ITAEx – Quais são os principais desafios que um engenheiro enfrenta hoje em dia, especialmente no contexto militar?
MB Javoski – Os engenheiros enfrentam desafios cada vez mais complexos, sendo que no contexto militar esses desafios se intensificam. Um dos mais significativos é o avanço tecnológico acelerado. A constante evolução de sistemas de armas, sensores e plataformas aéreas requer que os engenheiros estejam sempre atualizados e capazes de integrar novas tecnologias com eficácia.
A guerra moderna é altamente tecnológica, introduzindo questões como a integração de aeronaves autônomas e veículos aéreos não tripulados (drones). Garantir que esses sistemas operem em cenários operacionais adversos exige precisão e segurança excepcionais. Além disso, a proteção contra ameaças cibernéticas tornou-se uma parte crucial do trabalho, dado que aeronaves modernas são mais vulneráveis a ataques digitais.

ITAEx – Como a formação no ITA contribuiu para sua atuação na Força Aérea Brasileira?
MB Javoski – A graduação no ITA foi fundamental para minha carreira. A instituição oferece uma base teórica robusta, aliada à ênfase na aplicação prática e na pesquisa. Durante os anos do curso profissional, enfrentei uma carga de trabalho intensa, que demandava dedicação e disciplina, desenvolvendo habilidades essenciais para a atuação na FAB.
O desafio de resolver problemas complexos sob pressão foi uma das competências mais valiosas que adquiri. Essa capacidade de enfrentar e superar desafios técnicos contribuiu significativamente para minha eficácia como engenheiro na Força Aérea.

ITAEx – De que maneira a inovação e a tecnologia estão moldando o futuro da aviação militar?
MB Javoski – A inovação e a tecnologia são fundamentais na transformação da aviação militar. O uso crescente de tecnologias como inteligência artificial (IA), big data e veículos aéreos não tripulados (VANT) está revolucionando as operações aéreas. Drones, por exemplo, são utilizados em missões de reconhecimento e em ataques de precisão, permitindo maior segurança e eficiência, sem arriscar vidas humanas.
Além disso, a IA está sendo integrada em aeronaves para melhorar a tomada de decisões em tempo real, facilitando a análise de grandes volumes de dados e a identificação de ameaças. Esses avanços exigem que os engenheiros permaneçam atualizados e aptos a integrar inovações em projetos existentes e futuros, sempre visando a aumentar a segurança e a capacidade operacional das forças militares.

ITAEx – Quais conselhos daria para alunos do ITA que vão seguir uma carreira na Engenharia Aeronáutica?
MB Javoski – Meu principal conselho é que permaneçam curiosos e atualizados. Essa curiosidade é essencial para explorar novas áreas da Engenharia e para a busca de soluções inovadoras para desafios ainda não resolvidos.Outra habilidade vital é o trabalho em equipe. A Engenharia, especialmente no setor militar, envolve colaboração entre especialistas de diversas disciplinas. Aprender a se comunicar de forma clara e a trabalhar em equipes multidisciplinares é imprescindível.
Finalmente, disciplina e comprometimento são fundamentais. Na aviação, a margem para erro é mínima. É crucial manter a precisão, a dedicação e o foco em projetos longos e complexos para ter sucesso na carreira.

ITAEx – Como vê a importância da Engenharia na segurança e na eficiência das operações aéreas?
MB Javoski – A Engenharia é absolutamente central para a segurança e a eficiência das operações aéreas. Na aviação militar, cada detalhe técnico – desde o design de uma aeronave até a manutenção de seus sistemas – é crucial para garantir que as missões sejam realizadas com sucesso e que as vidas dos tripulantes sejam preservadas.
A Engenharia envolve não apenas o desenvolvimento de novas aeronaves, mas também a melhoria contínua de sistemas existentes. Os engenheiros são responsáveis por garantir que as aeronaves sejam confiáveis, eficientes e capazes de operar em condições adversas. Isso inclui desenvolver materiais mais resistentes, aprimorar sistemas de propulsão e criar mecanismos de segurança para lidar com emergências ou falhas técnicas.
Em termos de eficiência, a Engenharia também busca reduzir o consumo de combustível, aumentar a autonomia das aeronaves e melhorar a sua capacidade de carga. No ambiente militar, esses fatores são decisivos para o sucesso de operações, já que impactam diretamente o alcance e a flexibilidade das forças aéreas.
Em resumo, a Engenharia não apenas possibilita o voo, mas garante que ele ocorra de forma segura, eficiente e eficaz, especialmente em missões de grande complexidade e risco, como as realizadas pelas Forças Armadas.

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