A experiência da indústria na academia: o desafio do ITA Baja

Prof. Dr. Ronnie Rodrigo Rego 

A vivência acumulada na indústria automotiva pode revolucionar iniciativas acadêmicas como o ITA Baja. Um profissional com anos de experiência no desenvolvimento de sistemas de transmissão e engenharia de veículos pode moldar o futuro dos desafios universitários off-road.

Com um compromisso contínuo com a inovação e a excelência, Ronnie Rodrigo Rego é um exemplo de como as experiências na indústria e na academia podem se unir para formar futuros líderes em Engenharia. Ao trazer o know-how da indústria automotiva para o campo acadêmico, o professor não apenas compartilha técnicas avançadas e soluções práticas, mas também inspira a próxima geração de Engenheiros. Essa integração permite que iniciativas como a ITA Baja alcancem novos patamares de inovação e sucesso, preparando os estudantes para os desafios reais do mercado.

Professor Adjunto na Divisão de Engenharia Mecânica (IEM) do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Ronnie Rodrigo Rego completou recentemente 42 anos, e tem uma visão detalhada sobre um dos programas mais empolgantes da Escola: o Baja SAE Brasil. Ele é um especialista em engrenagens e transmissões automotivas, com graduação em Engenharia Mecânica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), fez seu mestrado em Gestão e Tecnologia em curso de parceria entre o Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI CIMATEC) e o ITA. Seu doutorado foi em Engenharia Aeronáutica e Mecânica pelo Instituto, em cooperação com o Werkzeugmaschinenlabor (WZL) da universidade RWTH Aachen, na Alemanha.

Desde que ingressou no ITA em 2011, como doutorando, e depois como professor concursado em 2018, tem se destacado não só pela sua expertise técnica, mas também pelo seu papel fundamental em iniciativas inovadoras. Ele lidera o Grupo de Inovação em Engrenagens no Centro de Competência em Manufatura (CCM-ITA) e a aliança de pesquisas Engrena ITA, um dos seus maiores orgulhos, e que tem o objetivo de potencializar a prospecção de pesquisas e a disseminação de conhecimento na temática de engrenagens e sistemas de transmissão de potência.

Além de suas contribuições acadêmicas, o Professor Ronnie é uma força motriz por trás da  ITA Baja, e conta com uma equipe que desenvolve veículos off-road para competições nacionais. Sob sua orientação, a iniciativa acadêmica tem alcançado resultados notáveis. A equipe, composta por estudantes dedicados, ganhou experiência prática valiosa e se destaca em eventos como o Seminário ITA Baja, que apresentou, recentemente, um novo protótipo 4×4.

 

Outra atividade do professor é a Direção Geral da Unidade EMBRAPII CCM-ITA “Transmissão de Potência” e como Deputy Managing Director do Fraunhofer Project Center for Advanced Manufacturing at ITA (FPC@ITA).

Na entrevista abaixo, vamos mostrar como a bagagem profissional de Ronnie enriquece o ITA Baja, e prepara os futuros Engenheiros para os desafios do mercado de trabalho.


ITAEx – Sobre o Programa Baja SAE e a iniciativa ITA Baja, qual o seu envolvimento e seus resultados?

Prof. Dr. Ronnie Rego – O Baja SAE Brasil é um desafio universitário para estudantes de Engenharia, que visa prepará-los para o mercado de trabalho. Nele, os alunos se envolvem com o desenvolvimento de um veículo off-road do tipo mini Baja. As equipes vencedoras são convidadas a participar da competição internacional nos Estados Unidos. O programa promove anualmente competições para que os veículos projetados sejam postos a prova e avaliados. A competição nacional recebe o nome de Baja SAE Brasil, e as competições regionais são denominadas como etapa Sul, Sudeste e Nordeste.
Atualmente a maior e mais disputada competição universitária do País é a Nacional. Em 2023, participaram 67 equipes, sendo duas do Distrito Federal, duas da região Norte, 11 do Nordeste, três do Centro Oeste, 36 do Sudeste e 13 do Sul. A Equipe ITA Baja participa anualmente das etapas Brasil e Sudeste, representando o ITA. Trabalhamos com desenvolvimento de veículo BAJA SAE, com o intuito de proporcionar aos alunos de graduação uma experiência real de Engenharia, e de forma integrada nos subsistemas: Power Train, Estrutura, Suspensão, Direção Eletrônica, Freios e Marketing.

Nas competições de 2023, os resultados por prova foram: 5º colocado em frenagem nacional, 4º lugar em Desafio Técnico Regional, 5º em Cabo de Guerra Regional, 4º em Suspensão Regional, 3º em Cálculo Estrutural Baja Rio.
No Seminário ITA Baja apresentamos o primeiro projeto 4×4 com a presença da ITAEx, corpo docente do ITA, Centro Acadêmico Santos Dumont (CASD), e, num churrasco comemorativo, os veteranos da equipe conheceram o protótipo.

ITAEx – Como a Associação contribuiu para o seu trabalho no ITA?
RR – Tive o privilégio de ser contemplado em duas linhas de apoio pela ITAEx desde 2018. A primeira relacionada a um projeto de modernização de ensino em processos de fabricação, entre 2018 e 2019. Fui empossado como professor do ITA justamente nessa época, e o projeto me deu estímulo para reestruturar a disciplina desde o meu início, viabilizando integrações com outras disciplinas do Divisão de Engenharia Mecânica (IEM) e visitas a outras instituições nacionais que já estavam com programas de modernização de ensino em andamento. Desse projeto, criamos um formato novo para o mesmo conteúdo, integrando-as com outras disciplinas e renovando a carga experimental com aprendizagem baseada em projetos (PBL) e com interação direta com a indústria. A segunda linha é sobre o projeto da equipe ITA Baja, onde assumo um papel de orientador, não exatamente de coordenador, como a própria SAE sugere. Essas iniciativas são dos alunos, e a sua liderança é parte da formação que esperamos deles ao participarem dessas iniciativas.

    

ITAEx – E como isso se refletiu no aprendizado dos seus alunos?

RR – Na forma mais importante que um docente pode proporcionar: motivação na aprendizagem. Vejo o interesse contínuo dos Alunos tanto na teoria quanto na prática. Mais do que o reconhecimento de avaliações e prêmios, destaco que mais de dez alunos, desde então, continuaram suas interações com processos de fabricação a partir de orientações de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), mestrado e até doutorado sob minha coordenação. Essa fixação do aluno na área real de Engenharia é o que nos motiva a continuar tentando!

ITAEx – Na sua visão, qual é a importância do apoio da ITAEx para o fortalecimento do ensino de excelência do ITA?
RR – Essencial. Em primeiro lugar vem o apoio vocal daqueles que até hoje movem muitos moinhos na comunidade iteana. A consonância de um projeto com esse grupo proporciona quase um “selo de qualidade ITA”, mostrando que o projeto que é proposto está alinhado aos valores iteanos, e, naturalmente, o apoio financeiro. Para vários incentivos que demandam flexibilidade de rubrica, como uma visita guiada de uma turma a uma empresa, somos muito bem acolhidos pelo ITAEx.

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