Thiago Feijão tem um sonho: transformar o Brasil por meio da educação.
Formado em Engenharia Mecânica-Aeronáutica pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), em 2013, ele se tornou, em pouco tempo, um empreendedor social de destaque, criando diversas iniciativas que buscam democratizar o acesso ao ensino de qualidade e gerar impacto social.
Uma das mais conhecidas é o Instituto Semear, organização que apoia jovens universitários de baixa renda de todo o país com programas de bolsa-auxílio, mentoria e intercâmbios.
A ideia surgiu a partir de sua experiência no CASD (Curso Alberto Santos Dumont), cursinho pré-vestibular comunitário que é mantido pelos alunos do ITA. Lá, Feijão foi professor e, posteriormente, presidente do projeto.
“Percebi que alguns dos nossos alunos que passavam nos vestibulares tinham dificuldade para se manter na faculdade e acabavam desistindo”, conta.
“Eu tinha ganhado uma bolsa da Fundação Estudar. Ter enxergado o impacto que essa bolsa teve em mim me fez buscar pessoas que tinham um sonho similar de apoiar esses jovens”, acrescenta o iteano, que também foi cofundador do Casdinho (braço criado para ajudar alunos do Ensino Fundamental a passar em vestibulinhos de colégios de ensino médio e na Escola Preparatória de Cadetes do Ar).
Em entrevista ao portal ITAEx, ele conta um pouco da sua trajetória, dos seus desafios e novos projetos. Também compartilha a sua visão sobre o papel da educação para transformar o Brasil. Confira a seguir.
Quando você despertou para esse desejo de fazer a diferença na Educação do país?
Os eventos que mais me impulsionaram e enraizaram isso em mim foram a minha família e um professor mentor que tive no Ensino Fundamental.
Explico: minha família sempre me motivou pela educação e, desde cedo, me fez enxergar o quanto eu estava evoluindo e realizando os meus sonhos por causa dessa crença.
Com 12 anos, tive a sorte de ter um professor de matemática, Geraldo Macedo, que me convidou para participar da tese de mestrado dele. Ele me trouxe clareza sobre como a educação é capaz de melhorar nossa qualidade de vida e resolver desafios sociais de longo prazo.
Por algum motivo, imagino que ainda pela família e escolas que passei, eu sempre quis retribuir para a sociedade as “sortes” que eu tive. Sempre que percebo algo que me transforma, eu tento criar algo que gere esse impacto na vida das pessoas.
Quando surgiu a ideia de criar o Instituto Semear?
Na linha de retribuir para a sociedade as oportunidades que tive, eu tinha ganhado uma bolsa da Fundação Estudar enquanto estava no ITA. Isso me permitiu conseguir me dedicar a um projeto social mantido pelos alunos de graduação, o CASD. Lá, como professor e, depois, presidente, percebi que alguns dos nossos alunos que passavam no vestibular tinham dificuldade para se manter na faculdade e acabavam desistindo.
Ter enxergado o impacto que a bolsa da Estudar teve em mim me fez buscar pessoas que tinham um sonho similar de apoiar esses jovens. E aí, junto com três amigos, fundamos o Instituto Semear em 2010.
O Semear tem o objetivo de garantir a permanência estudantil e a empregabilidade de jovens universitários de baixa renda, fornecendo as condições adequadas para que esses jovens se desenvolvam durante a graduação e ingressem no emprego de seus sonhos.
A partir disso, a nossa missão é desenvolver e conectar, por meio do incentivo à educação, líderes comprometidos com os desafios sociais e que atuem como agentes multiplicadores para um Brasil melhor e mais justo.
Acreditamos que podemos gerar igualdade de oportunidades, quebrando o ciclo de pobreza em nível nacional.
Atualmente, quantos jovens são apoiados pelo instituto?
No acumulado, 950. Nos últimos anos, conseguimos estrutura para apoiar entre 100 e 200 estudantes anualmente.
Em quantas cidades o Semear está presente?
Hoje, atendemos jovens de 32 cidades de todo o Brasil. Cerca de 80% deles estão em 10 cidades: São Paulo, Campinas, São José dos Campos, Guarulhos, Santo André, Osasco, Jacareí, Diadema, São Bernardo do Campo e Taubaté.
O que é mais gratificante nessa jornada?
Em geral, eu me sinto muito realizado quando converso com um jovem ou com um membro do time e percebo que conseguimos democratizar o acesso a oportunidades, que conseguimos despertar a busca pelo seu potencial máximo e que há uma vontade genuína de retribuir para a sociedade.
Em quais outras iniciativas você tem se envolvido atualmente?
Há dois anos, vendemos a Eduqo [ex-Qmágico], uma plataforma de aprendizado personalizado que ajudava centenas de milhares de alunos pelo Brasil, para a Arco Educação.
Depois disso, junto do Gabriel Melo (T15), fundamos a Talentum Ventures, um Startup Studio focado em software B2B: futuro do trabalho, produtividade e educação. Já estamos com 5 startups e a ideia é fazer 2 a 4 por ano.
Nosso sonho, aqui, é retribuir a oportunidade que a gente teve na jornada empreendedora: democratizar o acesso ao empreendedorismo, desenvolver talentos e construir uma nova geração de negócios resilientes e de alto impacto.
De que forma você acredita que o ITA contribuiu para que você se tornasse o Feijão de hoje em dia?
De diversas formas. O mais importante, com certeza, foi o poder da rede, de ajudar e de ser ajudado, junto do conjunto de princípios e valores que une os iteanos.
Há, ainda, outros pontos mais tangíveis. O ambiente do H8, de pessoas inspiradoras, muito melhores do que eu, com inúmeros talentos e de diferentes anos letivos. As iniciativas dos alunos, como o CASD Vestibulares, em que, além de responsabilidade social, desenvolvi uma série de ‘soft skills’ e gerenciamento de projetos. O currículo do Fundamental. E, também, a oportunidade de ter bate-papos e mentorias com iteanos bem-sucedidos em diversas áreas, mostrando que é possível sonhar com pé no chão.