“Romper o ciclo da pobreza por meio da educação, capacitando jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica para que alcancem oportunidades em instituições de ensino de qualidade.”
Essa é a missão do CASD (Curso Alberto Santos Dumont), uma ação social de alunos do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) que se tornou referência em todo o Brasil, com destaque na imprensa e até no portal da FAB (Força Aérea Brasileira).
A iniciativa surgiu na década de 1990 em São José dos Campos (SP), cidade onde está sediado o instituto, com foco nos vestibulares das principais universidades públicas do país. Estudantes do ITA atuam como professores voluntários do cursinho.
“Hoje, a gente tem mais alunos que a graduação do ITA”, conta Leonardo Friedrich, aluno do 3º ano de Engenharia da Computação e voluntário do projeto.
Atualmente, o curso beneficia 800 adolescentes de baixa renda em duas frentes: são 520 no pré-vestibular CASDVest e 280 no Casdinho, criado há 13 anos para ajudar alunos do Ensino Fundamental a passarem nos vestibulinhos dos melhores colégios de ensino médio da região.
Os processos de seleção para os cursos são divididos em duas etapas, com prova objetiva e a análise socioeconômica.
Jornada
Leonardo Friedrich conta que seu interesse pelo CASD surgiu antes mesmo do ingresso no ITA.
“Alguns amigos que passaram no ITA antes de mim trabalhavam no curso e falavam muito bem da iniciativa. Diziam que era algo que fazia uma enorme diferença na vida das pessoas”, diz. “Então, desde que eu era vestibulando, eu já sabia da existência do CASD e queria muito entrar lá.”
Leonardo ingressou no CASD atuando como professor e, paralelamente, na equipe de captação do projeto.
“No final do ano, os alunos escreviam cartas dizendo o quanto influenciei nas vidas deles, o quanto pude fazer a diferença ativamente na aprovação deles. Eu guardo essas cartas no meu armário para ler todos os dias. É aquilo que me faz levantar da cama muito feliz”, afirma.
O envolvimento de Leonardo com a iniciativa foi se tornando cada vez maior, até que, em outubro do ano passado, ele assumiu a presidência do CASD.
“O CASD sofreu alguns problemas depois da pandemia, e percebemos que ele precisava mudar. O pessoal que trabalhava no projeto mudou ao longo dos anos. O aluno do ITA tinha um outro perfil. Eu precisei inovar tanto na área de captação, para poder ajudar o CASD a continuar existindo, a conseguir recursos para sustentar, como também os processos internos da organização. Isso foi um grande desafio.”
O CASD conta hoje com 75 alunos do ITA entre seus voluntários (incluindo diretoria, pessoal administrativo e professores). Atuam no projeto, ainda, cerca de 30 voluntários externos, que dão aulas em disciplinas nas áreas de Humanas e Biológicas.
“Isso sem contar os professores plantonistas”, ressalta Leonardo.
Valores iteanos
O estudante encerrou seu mandato de presidente do CASD no mês passado e, a partir de agora, deve seguir atuando na iniciativa como conselheiro. Dentro do planejamento que deixou para os próximos anos, estão a meta de chegar a 950 alunos até 2025 e a criação de uma versão online do curso, para impactar jovens carentes de todo o país.
“Todos os dias, cerca de 800 alunos saem de suas casas munidos de esperança, e eles só têm isso. Eles só querem uma oportunidade, algo que possa ajuda-los a alcançar o objetivo. A gente não tem o direito de fazer mal feito. Acho que o principal valor iteano presente no CASD é isso. Quando a gente mergulha em um trabalho, quando a gente vai lá se dedicar para que algo seja feito, não para a gente, mas pelo outro, a gente faz com excelência”, diz Leonardo.
“E é isso o que eu procuro passar para os demais membros do CASD: é realmente se dedicar ao máximo e fazer a excelência que o CASD pede. É um requisito do ITA fazer tudo com excelência”, finaliza.
Outras informações sobre o CASD podem ser obtidas no site cursosantosdumont.org.br.