Rômulo Furtado e o Papel do Hexavirato na Evolução do ITA

Rômulo Villar Furtado (T61), um dos membros do Hexavirato, desempenhou um papel fundamental no apoio ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA, em 2013, especialmente no processo de aquisição de materiais e equipamentos essenciais para a Escola. O ex-aluno foi diretamente envolvido na resolução de desafios administrativos e logísticos que, muitas vezes, envolviam complexos processos de licitação. Por meio de sua atuação, Rômulo contribuiu para garantir que o ITA continuasse a operar de forma eficiente, superando obstáculos burocráticos e financeiros. Sua participação nesse aspecto foi providencial para a manutenção da qualidade do ensino e das condições de trabalho no ITA. Acompanhe a entrevista abaixo e conheça mais um pouco da história do Hexavirato.

ITAEx | No ITA, sua ação foi fundamental para criar um estúdio de televisão que viabilizou as aulas invertidas de Matemática. Como foi movimentar esse projeto? E o que te fascinou e o levou a apoiar essa iniciativa? O senhor tem ideia do impacto dessa iniciativa nas metodologias de ensino do ITA e na comunidade acadêmica?
RômuloQuando falamos sobre o impacto dessa iniciativa, acredito que ela tenha contribuído de maneira extremamente positiva. As aulas agora são muito mais focadas em interações dinâmicas, permitindo que o professor se concentre em responder dúvidas e aprofundar o conhecimento, sem a necessidade de repetir conteúdos já disponibilizados online. Isso torna o tempo em sala de aula mais produtivo.
Em relação aos alunos, o aproveitamento escolar melhorou consideravelmente. Embora eu não tenha dados exatos sobre esse impacto — talvez a equipe da ITAEx ou os próprios professores possam fornecê-los —, minha percepção é de que a metodologia facilita o aprendizado. O aluno pode se preparar com o conteúdo antes da aula presencial e, assim, aproveitar melhor o tempo de discussão, esclarecendo dúvidas e adquirindo novos conhecimentos.
Seria interessante ter uma forma mais clara de avaliar como a metodologia está influenciando o aproveitamento escolar. Um acompanhamento mais sistemático poderia fornecer dados mais concretos sobre o sucesso dessa abordagem.
O Hexavirato cumpriu um papel fundamental, e o que realmente me impressiona é seu impacto na formação dos alunos e no legado deixado para as gerações seguintes. Reforçar ainda mais essa colaboração entre ex-alunos, professores e alunos seria algo a ser continuado e aprimorado.


O iteano foi secretário-geral do Ministério das Comunicações.
Nessa função que exerceu por 16 anos – em três governos – assumiu o Ministério várias vezes durante viagens dos Ministros.
Na foto, como chefe da delegação brasileira, em uma palestra sobre as comunicações no Brasil.


ITAEx | Na sua visão, como o Hexavirato ajudou a fortalecer o espírito de comunidade entre os alunos? O que mais marcou no relacionamento com os alunos e nos projetos colaborativos daquele período?
Rômulo | A própria existência do Hexavirato demonstra que há um grupo de pessoas dispostas a se dedicar para melhorar o ITA, o que já é um grande passo. No entanto, é claro que ainda há muito a ser feito. O Hexavirato não fez tudo o que sonhamos, existiam obstáculos e dificuldades, especialmente quando se tratava de ampliar as condições e aumentar os recursos disponíveis. Mas, sem dúvida, o Hexavirato financiou projetos importantes e, hoje, a ITAEx tem contribuído de forma significativa.
Um aspecto que me deixa entusiasmado é o impacto que o Hexavirato gerou na formação dos novos alunos do ITA. Isso tem despertado um grande entusiasmo aos ex-alunos, o que é muito positivo. Seria ótimo, como o próprio João Gomez acredita, e eu também compartilho dessa opinião, que os projetos apoiados pela ITAEx pudessem ser mais reconhecidos pelos ex-alunos. Isso ajudaria a gerar um maior entusiasmo e apoio à Associação.

ITAEx | Acredita que estamos no caminho traçado pelo Hexavirato? O que ainda precisa ser feito?
Rômulo | Concretamente, o Hexavirato desempenhou um papel muito importante, e a ITAEx vem tentando atingir todo o potencial que imaginávamos. Sonhávamos que a ITAEx poderia se tornar um elemento muito maior, com uma influência ainda mais expressiva no ensino do ITA. Embora tenha feito avanços significativos, acreditamos que podemos alcançar muito mais, se conseguirmos aumentar os recursos e apoios de ex-alunos.
O que é muito valioso, e o que me emociona, é ver os membros da ITAEx, dirigentes, colaboradores diretos e voluntários, se doando de maneira espontânea para essa causa. Isso é um exemplo claro de como os ex-alunos podem reconhecer a importância do ITA e colaborar para torná-lo ainda melhor.
Acredito que estamos no caminho certo, embora com desafios, e, como sempre, devemos sonhar grande, pois mesmo que não alcancemos todos os nossos objetivos, conseguiremos chegar mais perto e construir um caminho que nos leve cada vez mais na direção dos nossos sonhos.


Em 2004, Rômulo Furtado lançou
um livro sobre Telecomunicações,
para a Coleção Gente


ITAEX | Como enxerga a contribuição do Hexavirato na evolução do ITA e no legado que ele deixou para as próximas gerações?
Rômulo | O legado do Hexavirato, nesse contexto, é claro: ele não só inovou na forma como o ensino é oferecido, mas também criou um modelo de colaboração e apoio à formação dos alunos que pode influenciar positivamente as gerações futuras, tanto no ITA quanto em outras instituições.
Quero contar uma situação que muito me comoveu. Eu e o João Gomez estávamos num dos corredores da Escola, procurando um professor, quando uma aluna nos indicou o caminho para encontrá-lo. Mas o que realmente me emocionou foi o que ela disse depois, ao perceber os nossos cabelos brancos: “Vocês são daquela turma que está fazendo tantas coisas pelo ITA, não é?”
Naquele momento, senti de forma clara que o nosso trabalho estava sendo reconhecido pelos alunos. Essa pergunta simples, mas tão cheia de significado, me deu a certeza de que estávamos no caminho certo. Para mim e para o João, aquele instante representou uma validação do nosso esforço e do impacto positivo que estávamos gerando.
A inocência daquela pergunta tocou muito o nosso coração e renovou nosso entusiasmo pelo que fazemos. Às vezes, um simples gesto de reconhecimento pode fazer toda a diferença.


Em 2024, na Semana das Origens do ITA, reencontrou os amigos da T61: Samuel Konishi, João Gomez, Edson Musa, Rômulo Furtado e Alfred Volkmer

ITAEx | Se pudesse reviver aquele período, há algo que faria diferente ou que reforçaria ainda mais dentro do Hexavirato?
Rômulo | Sim! Uma coisa que eu reforçaria ainda mais seria a ampliação da interação entre alunos e professores, especialmente em relação ao modelo de aulas invertidas. Acredito que, apesar de já ter sido um grande avanço, esse modelo poderia ter sido implementado com mais recursos e maior apoio, facilitando ainda mais a experiência tanto para os alunos quanto para os professores. Por exemplo, talvez uma estrutura mais robusta de feedback entre eles poderia ter ajudado a aprimorar o processo de ensino-aprendizagem.
Preciso dizer porque eu decidi assumir pessoalmente e investir meus próprios recursos no projeto das Aulas Invertidas. Naquele momento, havia uma série de prioridades de projetos já definidas, e as Aulas Invertidas não estavam entre elas. Além disso, muitos dos meus colegas estavam focados no financiamento de outros projetos mais urgentes, especialmente aqueles que envolviam recursos do Hexavirato. Diante disso, conversei com o João Gomez e disse que financiaria o projeto das Aulas Invertidas com meus próprios recursos. Não queria que ele dependesse do Hexavirato e isso me permitiu não apenas garantir a execução da ideia, mas também assumir a responsabilidade direta pela sua viabilidade.
É um pouco como o Musa fez com o projeto da Engenharia do Futuro, quando também investiu recursos próprios para viabilizar sua realização. Essa foi a minha escolha para garantir que as Aulas Invertidas saíssem do papel e se tornassem uma realidade.

Rômulo Furtado como aluno da T61 do ITA

ITAEx – Qual mensagem gostaria de deixar para os alunos do ITA de hoje, em relação à contribuição e a importância de iniciativas como o Hexavirato?
RômuloQuase todos os alunos do ITA saem com uma dívida, não só com a instituição, mas com o próprio Brasil e o Estado brasileiro, pois a escola oferece um ensino gratuito e de altíssimo nível, além de proporcionar moradia, alimentação e até um pequeno auxílio financeiro. Para muitos alunos, isso representava uma solução incrível, especialmente para aqueles que não teriam condições de se sustentar em universidades de grandes cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro. O ITA não só oferece uma educação excepcional, mas também um ambiente de apoio que faz toda a diferença na vida dos alunos.
Quando surgiu a oportunidade de retribuir ao ITA, a T61 não hesitou. O João Gomez, que foi um verdadeiro líder nesse processo, levantou a bandeira e muitos de nós o acompanhamos. Não podemos esquecer também do Edson Musa, que foi uma figura-chave para o sucesso do Hexavirato. Não tenho orgulho pessoal desse gesto, mas acredito que nós, que fomos beneficiados por tudo o que o ITA nos ofereceu, apenas estávamos devolvendo uma pequena parcela de tudo o que recebemos ao longo dos anos. Foi nossa maneira de retribuir, de alguma forma, tudo o que o ITA nos proporcionou.

ITAEx – Como o Hexavirato pode inspirar modelos de liderança e colaboração para as gerações atuais?
Rômulo | O Hexavirato, sem dúvida, foi um movimento inovador, que mostrou que havia pessoas preocupadas e dispostas a agir para apoiar a nossa Escola. Isso serve como uma grande inspiração para as gerações atuais e futuras. Todos os alunos do ITA que foram expostos a essa iniciativa podem, sem dúvida, tomar o exemplo do Hexavirato como um modelo de liderança e colaboração.
Naquela época, nós, da T61, estávamos ao lado dos alunos, principalmente aqueles do Curso Fundamental, oferecendo suporte que, de outra forma, eles não teriam recebido. Isso é um exemplo claro de como a colaboração intergeracional pode ser benéfica. Nós sentíamos que, como ex-alunos do ITA, tínhamos uma responsabilidade com a Escola. O apoio que oferecíamos não era visto como um favor, mas sim como uma obrigação moral, um reconhecimento daquilo que o ITA nos proporcionou.
Acredito que essa atitude de retribuir e apoiar o ITA de forma genuína e colaborativa pode inspirar muitos alunos a desenvolverem um espírito de liderança e cooperação, ajudando a fortalecer a comunidade acadêmica e mantendo viva a tradição de dedicação à Escola que nos formou.

ITAEx | Que relação há, na sua opinião, entre a Disciplina Consciente e os princípios de liderança ética e colaboração promovidos pelo Hexavirato?
Rômulo | A Disciplina Consciente sempre nos ensinou que somos parte de uma comunidade que busca se apoiar mutuamente, sem jamais tomar atitudes que possam prejudicar ou beneficiar indevidamente alguém. O que o Hexavirato fez foi exatamente isso: uniu pessoas com esse espírito de colaboração. A comunidade iteana, composta por alunos e outros colaboradores, se uniu dentro desse mesmo propósito, contribuindo positivamente para o grupo. Foi um exemplo claro de como, quando trabalhamos juntos, com o foco no bem coletivo, conseguimos fazer a diferença para todos.

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