Samuel Konishi e o legado do Hexavirato: uma vida de contribuições ao ITA

No Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA, a tradição e a inovação caminham lado a lado, e isso é refletido na história de seus alunos e ex-alunos. Hoje, trazemos Samuel Kazuyuki Konishi, um nome de destaque na turma T61, que compartilha suas vivências no Instituto, a participação na criação do Hexavirato e os impactos dessa iniciativa para a formação de futuras gerações de engenheiros.

Foto 1 – Alfred Volkmer (T61) e Konishi no últmo Sábado das Origens (outubro/2024)

Foto 2 – Reunião da T61 em comemoração aos 60 anos de formatura, no sítio de João Gomez – nas conversas, obviamente, o assunto era a T61 Apoiando o ITA

Foto 3  – Almoço no restaurante Vila Velha, em São José dos Campos, patrocinado/convocado pelo João Gomez, em dezembro 2013, para uma conversa sobre os acontecimentos no ITA. Da esquerda para a direita: José E. Ripper, Samuel Konishi,  aluno Vítor Herbert Silvestre Coelho Carvalho, T15 (diretor do CASD – 2014), João Gomez e Rômulo Furtado

Konishi nasceu em 4 de janeiro de 1937, em Mairiporã-SP. Concluiu sua formação em Engenharia Eletrônica pelo ITA em 1961 e, em seguida, especializou-se em sistemas de automação eletrônica e radar; obtendo, em 1963, o diploma de “Maître ès Sciences Aeronautiques” pela École Nationale Supérieure de l’Aéronautique, em Paris, França.

Sua trajetória profissional começou em 1962, quando atuou como engenheiro no Laboratório de Aplicações Técnicas da IBRAPE, parte do Grupo Philips. Em agosto de 1962, chegou a Paris, como bolsista da ASTEF do Governo Francês. Em 1963, ao mesmo tempo que terminava seu trabalho de mestrado, foi empregado da Société d’Électronique et Automatisme (SEA), desenvolvendo projetos de pesquisa e desenvolvimento para o governo francês até 1966. No retorno ao Brasil, em 1967, ingressou na Rhodia Indústrias Químicas e Têxteis S.A., onde assumiu o cargo de gerente de CPD (Centro de Processamento de Dados), atuando até 1972. Durante esse período, também se destacou como professor convidado na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo (FGV-SP), lecionando em cursos de pós-graduação sobre Processamento de Dados entre 1969 e 1971.

Ainda nos anos 1970, Konishi participou da Sociedade dos Usuários de Tecnologia da Informação e Comunicação (SUCESU) em São Paulo, onde foi diretor e presidente, posteriormente, foi presidente da SUCESU Nacional. Em 1972, também foi gerente da filial São Paulo da Sulamec S.A., onde permaneceu até 1975, quando assumiu a posição de superintendente no Departamento de Processamento de Dados da EMBRATEL S.A., cargo que ocupou até 1978.

Participou, em 1978, da fundação da Digiponto Ltda., depois S.A., empresa fabricante de teclados,  onde foi sócio e diretor até 1996. Envolveu-se ativamente na organização de feiras e congressos, tendo sido diretor e presidente de diversas edições promovidas pela SUCESU São Paulo e Nacional e pela ABICOMP Soluções em Informática, entre 1970 e 1982.

Nos anos seguintes, atuou como consultor da SPARK Componentes da Amazônia Ltda., empresa que desenvolveu e fabricou os teclados da  urna eletrônica para o PROCOMP nos anos 1998 e 2000, posteriormente foi consultor da FABOR Componentes da Amazônia Ltda., até 2017.

A carreira de Konishi é marcada por essa vasta experiência em eletrônica, automação e processamento de dados, além de sua forte contribuição para o desenvolvimento de feiras e eventos do setor tecnológico no Brasil.

Na terceira entrevista da série Hexavirato, Konishi destaca a importância da vida comunitária no ITA e como a união da turma T61 levou à formação de uma das iniciativas mais importantes para o fortalecimento da escola. Ele também reflete sobre o legado da ITAEx e a importância do envolvimento dos ex-alunos no apoio à infraestrutura e ao ensino do ITA.

   

Entrevista:

ITAEX – Qual a sua visão da vida comunitária dos alunos no ITA, especialmente no H8?
Samuel Kazuyuki Konishi  A vida comunitária no ITA, especialmente na República do H8, é uma experiência única que não se encontra em outras escolas de Engenharia. A integração do Centro Acadêmico Santos Dumont (CASD)  e do Departamento de Ordem e Orientação (DOO) como partes do organograma do ITA é um diferencial. Essas estruturas ajudam a criar uma convivência saudável, baseada em convicções e valores intangíveis, tais como a Disciplina Consciente (DC) que contribuem para o desenvolvimento do “espírito iteano”, um conceito difícil de definir, mas que reflete muito da nossa formação no ITA.

ITAEx – Qual o significado de “pertencer” à Turma de 1961?
Konishi – A T61, para mim, representa muito mais do que um grupo de alunos diplomados no mesmo ano. Cada turma tem uma identidade própria, e a T61 se considera “a gloriosa”. A união e a força do nosso grupo foram fundamentais para as iniciativas que marcaram nossa trajetória no ITA, como a criação do Hexavirato em 2013.

ITAEx – Qual a sua versão do surgimento do Hexavirato?
Konishi – A criação do Hexavirato foi o resultado de uma união e discussão muito forte dentro da T61, onde vários colegas se mobilizaram, liderados pelo João Gomez. Essa ligação não era algo novo para nós, pois já tínhamos uma forte conexão, como demonstrado na histórica viagem à Europa entre 1960 e 1961, que teve adesão de quase toda a nossa turma. A iniciativa em 2013 surgiu a partir de uma reação à “falsa greve”, quando vários membros da T61 se uniram para investigar a situação e propor soluções.

ITAEx – Como o seu envolvimento com o Hexavirato está relacionado à sua formação no ITA?
Konishi – Foi a minha curiosidade. Quando vi nos jornais que o ITA estava passando por uma “greve”, senti algo muito errado. Parecia impossível que isso acontecesse em uma instituição como o ITA que eu tinha convivido e conhecido. Essa curiosidade me levou a me envolver ativamente na formação do Hexavirato, junto com outros colegas da turma, como João Gomez,  Rômulo Villar Furtado, Edson Vaz Musa, Benedicto Ivan Perotti, José E. Ripper, Jorge Renner, entre outros.

ITAEx – Quais foram os principais destaques em sua carreira que o senhor atribui à sua formação no ITA?
Konishi – Minha formação no ITA foi essencial para minha trajetória profissional. Destaco as atividades extracurriculares que  hoje são conhecidas como iniciativas acadêmicas. Essas atividades contribuíram muito para minha formação como engenheiro e como cidadão. Além disso, minha pós-graduação, meu mestrado na França e o emprego na Société d’Electronique et D’Automatisme foram graças ao networking criado no ITA.

ITAEx – Como o senhor vê o impacto do Hexavirato na melhoria do ensino e infraestrutura do ITA?
Konishi – Para mim, a criação do Hexavirato foi algo previsível e natural. Na época, o objetivo era direcionar as doações para os alunos de graduação. Contudo, percebi, posteriormente, que essa visão era limitada, já que muitas das equipes de iniciativas dos alunos incluíam também pós-graduandos. Mesmo assim, fiquei satisfeito com os resultados, pois, o ótimo é o inimigo do bom.

ITAEx – Qual é o maior legado do Hexavirato para o ITA, na sua opinião?
Konishi – Foram a união e a colaboração entre ex-alunos e professores, além do apoio à infraestrutura do ITA. João Gomez mostrou que é possível simplificar. Destaco também, a contribuição pessoal do Edson Musa, que aproximou a Medicina e a Engenharia, além de sua participação ativa na primeira edição do EEF – Engineering Education for the Future, em 2019. Imagino, então, que essas atividades lideradas pelo Musa contribuíram indiretamente para a expansão do ITA no campus do Ceará.

ITAEx – Como o senhor vê a evolução da ITAEx ao longo dos anos?
Konishi – Participei ativamente quando da criação do Hexavirato; mas, depois, precisei priorizar outras atividades e perdi contato com o pessoal operacional, mas de longe fazia e continuo fazendo as minhas modestas doações. Sinto que a ITAEx foi , no início, essencial para desburocratizar as iniciativas acadêmicas e dar suporte financeiro; penso e desejo que isso continua acontecendo, numa escala maior e melhor.

ITAEx – Que mensagem o senhor deixaria para os atuais alunos e ex-alunos do ITA?
Konishi – Minha mensagem seria de inspiração a partir de dois exemplos: João Gomez, que foi fundamental para o nascimento da iniciativa T61, e Musa, cuja dedicação foi crucial para a criação da ITAEx. Sem eles, muitos dos avanços que vimos não teriam sido possíveis. Ambos são exemplos de liderança e gratidão ao ITA. Gostaria que mais ex-alunos amassem  o ITA e contribuíssem regularmente, mesmo com modestas doações. Seria um gesto de retribuição à nossa Alma Mater. Não uma obrigação, mas um reconhecimento!

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