Na busca por um futuro promissor para crianças e jovens, o Invoz se destaca como uma ponte entre a educação, o empreendedorismo e a cultura aeronáutica. Em nossa conversa com Emílio Matsuo, Presidente do Conselho Deliberativo do Invoz, exploramos suas responsabilidades e os projetos inovadores que estão moldando a próxima geração. Descubra como a experiência acumulada na Embraer e a inspiração de líderes como Ozires Silva guiam sua jornada de transformação social.
Entrevista
ITAEx – Como Presidente do Conselho Deliberativo do Invoz, quais são suas principais responsabilidades e em quais objetivos está focado em alcançar para o instituto?
Emílio Matsuo – Eu estou Presidente, e procuro fazer pontes com empresas e organizações para viabilizar os nossos projetos que são sempre úteis para a sociedade e para evolução, principalmente, de crianças e jovens.
ITAEx – O Invoz tem como pilares a educação, o empreendedorismo e a cultura. Quais projetos recentes ou em andamento destacaria como exemplos de sucesso em cada um desses pilares?
EM – No pilar da Educação, o Invoz promoveu, neste ano, a quinta edição do Congresso Educação (Sonhar e Realizar) com grande repercussão e sucesso. Temos também o projeto “Meu Primeiro Computador”, no qual arrecadamos computadores usados de empresas e pessoa física e doamos para alunos em situação de vulnerabilidade do CASD Vestibulares.
Emílio na quinta edição do Congresso Invoz de Educação
No pilar empreendedorismo lançamos vídeoaulas do próprio engenheiro Ozires Silva, e criamos, em parceria com o SENAI, o curso de usinagem aeroespacial.
Em relação à Cultura Aeronáutica, buscamos preservar e divulgar a rica história da indústria, além de promover e disseminar a cultura de excelência presente em todos os processos empresariais dessa complexa área.
ITAEx – De que maneira a experiência e a visão de Ozires Silva como mentor e Presidente de Honra influenciam as atividades e a estratégia do Invoz?
EM – Nós vivemos e disseminamos no dia a dia do Invoz os ensinamentos e exemplos do engenheiro Ozires Silva em toda sua plenitude: O sonhar grande, a importância do conhecimento e da tecnologia de vanguarda, a cultura aeronáutica de excelência, os valores éticos, morais e comportamentais; a dedicação com coração, paixão e alma; a humildade de reconhecer que sempre temos algo a aprender, a liderança pelo exemplo e a família como fator de sucesso. Essa rica vivência dos autores ao longo de muitos anos foi documentada no livro: Cultura de Excelência – Reflexões sobre o Sucesso da Embraer.
Emílio Matsuo é coautor do livro ‘Cultura de Excelência – Reflexões sobre o Sucesso da Embraer’, que reúne reflexões de mais quatro associados do Invoz, Manoel de Oliveira, Fulvio Delicato, Kleber Grasso e Edson Henriques Jr.
ITAEx – Qual é a parte mais gratificante do seu trabalho no Invoz, e como isso se compara às suas experiências anteriores na Embraer e em outras áreas?
EM – A experiência na Embraer representou a continuidade da minha formação iniciada no ITA e no CTA como profissional e como cidadão responsável e de valor. Formação essa que me permitiu realizar na Embraer algo muito além do que poderia sonhar, participando do desenvolvimento de todos os produtos a partir do Xingu (avião turboélice). No Invoz, sinto a mesma alegria e satisfação por estar devolvendo para a sociedade um pouco do que recebi em vida: educação de excelência sempre em escolas públicas, conhecimento e experiência profissional adquiridos ao longo da carreira profissional na Embraer e estar, assim, contribuindo para a evolução das pessoas e da sociedade.
Premiação do Invoz com a Medalha Cassiano Ricardo na Câmara dos Vereadores
ITAEx – O senhor teve uma carreira notável na Embraer, começando em 1978 e passando por várias posições importantes. Trabalhou em projetos significativos. Pode compartilhar alguma experiência ou insight específico desses projetos que destacou a excelência da engenharia na Embraer?
EM – Sim, tenho ainda na mente os principais desafios vencidos e aprendizados no desenvolvimento de cada produto que tive o privilégio de trabalhar. Foram da ordem de 35 projetos, entre novos programas e suas variantes. No desenvolvimento do ERJ 145 e família, eu participei desde a fase de concepção e estudos preliminares até a certificação de todos os aviões da família e suas variantes. O grande desafio era fazer uma aeronave eficiente, simples de operar e manter, pois era o primeiro jato regional da Embraer em substituição aos turboélices mais simples. Resultado foi um excepcional produto de grande sucesso comercial e que bateu todos os recordes de segurança de voo da indústria. Nas famílias EMBRAER 170/175/190/195 E1 e E2, o grande desafio foi competir com os fabricantes tradicionais de aviões de grande porte para fornecimento para grandes e tradicionais companhias aéreas. A Embraer entrou na maioridade com essas famílias de produtos, tendo. mais uma vez, um sucesso comercial estrondoso e o mesmo padrão de segurança comprovado nos aviões precedentes. O uso de sistemas altamente complexos e integrados, entre eles o Fly-By-Wire (comandos de voo eletrônico em malha fechada), nessas famílias, fez desse produto aviões mais eficientes e silenciosos do mercado e viabilizou o KC-390.
Emílio no KC-390
ITAEx – O senhor teve a oportunidade de trabalhar na Itália no Programa Militar AMX e no controle eletrônico fly-by-wire. Como essa experiência internacional contribuiu para a sua visão e prática na engenharia aeronáutica?
EM – Essa experiência internacional trouxe para mim a visão exata do posicionamento tecnológico e das enormes oportunidades de aprendizado e crescimento em várias áreas tecnológicas, sem o qual teríamos enorme dificuldade para entrada na era do jato. O programa AMX foi o que mais trouxe aprendizado para a Embraer, não só em tecnologia embarcada, mas nos processos e ferramentas de desenvolvimento e engenharia, processos de gestão de projetos e modernização do parque fabril da empresa. Todos esses conhecimentos foram fundamentais para os programas que se sucederam como ERJ 145 e família, EMBRAER 170/175/190/195 E1 e E2 e família, Legacy 500/450 (que evoluíram para os Praetor 500 e 600), KC-390 e outros programas.
Emílio Matsuo com Ozires Silva no AMX
ITAEx – Qual foi o impacto mais significativo que acredita ter deixado na Embraer ao longo dos anos, e como vê a evolução da empresa desde a sua saída em 2016?
EM – Dentro do conceito de melhoria contínua, espero ter deixado o local que trabalhei melhor que encontrei ao chegar; um sucessor melhor que fui; uma prática onde, hoje melhor que ontem, e amanhã melhor que hoje; um time dos sonhos em todos os níveis; valores éticos, morais e comportamentais e Cultura de Excelência, um modo de ser do líder que sonha, voa junto e se realiza. Com esse modo de ser e viver preservado, vejo na Embraer a continuação da jornada de sucesso desde a minha saída.
ITAEx – No livro ‘Cultura de Excelência – Reflexões sobre o Sucesso da Embraer’ há uma ênfase na cultura de excelência da empresa. Como definiria isso? E de que maneira ela influenciou o desenvolvimento e o sucesso da empresa?
EM – O livro fala da essência que move tudo na Embraer, do coração e da paixão com que os colaboradores se dedicam à empresa; de nunca desistir; das pessoas extraordinárias que deixaram história como Casimiro Montenegro Filho, Ozires Silva, Juarez Wanderley, Guido Pessotti, Satoshi Yokota, Maurício Botelho, e Frederico Fleury Curado – autor do prefácio do nosso livro, que cita essas pessoas extraordinárias e contribuições de várias gerações que pela Embraer passaram e criaram essa empresa com alma.
ITAEx – De que maneira sua formação no ITA influenciou sua carreira e seu trabalho na Embraer e agora no Invoz?
EM – Aplicando o conhecimento e a tecnologia adquiridos no ITA e no CTA , assim como os valores éticos, morais e comportamentais, e cito a disciplina consciente (DC), o trabalho colaborativo em todas as ações. A minha formação no ITA não só influenciou minha carreira e meu trabalho na Embraer e no Invoz, mas também a minha vida pessoal e familiar.
ITAEx – Como vê o papel do ITA como a instituição que contribui para o avanço da indústria aeronáutica e aeroespacial no Brasil?
EM – O ITA deve servir de exemplo para qualquer setor da indústria ou organização no País, não se limitando a formação técnica de excelência, mas também na formação de cidadãos com valores éticos, morais e comportamentais.
ITAEx – Quais são suas expectativas para o futuro da Engenharia Aeronáutica?
EM – Que a Embraer continue evoluindo e se reinventando na procura de diferenciais competitivos que a leve ao sucesso continuado e servindo à sociedade.
ITAEx – Como avalia a importância da ITAEx e do Invoz para Alunos do ITA?
EM – Extrema importância! ITAEx e Invoz têm como missão a preservação dessa rica história, e trabalhar para que esse exemplo passe de geração a geração de Iteanos e transborde também para outros setores da sociedade.